EVITE QUE A SUA VOZ SEJA AMEAÇADA

                                              Evaldo José Bizachi Rodrigues

      A voz, como instrumento básico da comunicação oral, é imprescindível para todos e, em  particular, para aqueles que dependem dela para exercerem sua profissão: professores, pessoas que fazem atendimento ao público, cantores, apresentadores de rádio e televisão, políticos, entre outros.

Um dos problemas de voz mais comuns é a disfonia, mais conhecida como rouquidão. Seus efeitos limitadores são mais acentuados em quem a utiliza profissionalmente. A disfonia é caracterizada pelas alterações frequentes da qualidade da voz e no modo de produzi-la. O tom torna-se mais grave (voz grossa), com quebras acentuadas, marcadas pelo aparecimento abrupto de tons agudos e emissões sussurradas. A intensidade da voz diminui, sendo nítida a dificuldade na sua modulação, e o timbre tende a se tornar áspero. O esforço para a fonação leva à sensação de cansaço, principalmente na região do pescoço, às vezes acompanhada de dor que se propaga para o dorso.

A disfonia  é antecedida por uma série de sintomas. Inicialmente a pessoa tem dificuldade em coordenar o ar inspirado enquanto articula os sons. Tem a sensação de ter a “garganta seca”, associada a ardume ou a cócegas depois de usar a voz. O pigarro é frequente, com a impressão de ter sempre “alguma coisa parada na garganta” -, o que acontece após o uso mais ou menos prolongado da voz. Sem que o ouvinte note qualquer alteração, vem a sensação de que a voz está mais fraca, certos tons ficam cada vez mais difíceis de serem alcançados e o volume habitual é conseguido mediante um esforço desproporcional em relação ao resultado obtido.

Durante certo tempo, breves períodos de repouso vocal são suficientes para que haja regressão temporária desses sintomas. Entretanto, eles vão se tornando mais intensos – e frequentes -, até o momento em que o mecanismo usado para compensar a “falência” funcional do sistema , representado pelo esforço excessivo para produzir voz, inclusive com a participação dos músculos do pescoço,  é insuficiente para a manutenção do seu padrão habitual. Para se adequar, a pessoa, sem perceber, vai mudando o jeito de produzir a voz. O esforço muscular passa a ser tão intenso que acontece aumento do volume do pescoço, com ingurgitamento dos vasos superficiais (veias saltadas); nas pregas vocais, submetidas a um regime de contração excessiva, surgem os sinais de fadiga da sua musculatura e, com tempo de mau uso, o calo (nódulo vocal) no ponto onde o atrito é maior entre elas. A qualidade vocal piora sensivelmente  nesse regime de sobrecarga funcional, e torna-se constante a sensação de imenso cansaço para emitir a voz.

Caso você apresente algum desses sintomas, procure logo um profissional para que,  através da investigação anatômica  e funcional do sistema fonador, seja feito o diagnóstico que possibilite o tratamento mais adequado para o seu caso. O tempo de duração será tanto menor quanto mais cedo for feito o diagnóstico. Atualmente existem recursos na esfera da medicina foniátrica que tratam a fadiga muscular do sistema vocal, com melhora importante da condição para seu funcionamento. Paralelamente há técnicas de fonoaudiologia que levam, na maioria dos casos, à remissão da disfonia.  A remoção de nódulos vocais só é indicada em situações muito específicas.O tratamento dos casos incipientes, além de menor tempo de duração, pode  ser realizado sem o prejuízo do uso profissional da voz.

Voltar

Dr. Evaldo J. B. Rodrigues. CRM - SP- 12114. Todos os direitos reservados.