CONCEITO DE ESPAÇO/ TEMPO

5 de dezembro de 2019 by admin0
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A aquisição do conceito do espaço/tempo é fundamental  para  a integração da criança ao  ambiente como pré requisito  para  que sejam estabelecidas as relações de causa/efeito, que rejem o dia/dia, e por que  também viabiliza a alfabetização. As consequências da falha nessa aquisição são igualmente consideradas. […]

Existem crianças que podem ter exame neurológico normal, assim como resultados normais de exames como Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, EEG (eletro encefalograma) e exame genético,  que apresentam importantes desajustes na interação e na adaptação ao ambiente , ao lado de comprometimento  da comunicação. Isso coloca as famílias em perplexidade, pelo fato de não encontrarem um motivo que justifique o seu problema, Para explicar o porque dessa situação, que é funcional em muitos casos,  irei fazer os seguintes comentários:

Imagine você recebendo uma visita a noite, em sua casa, e acontece um apagão. É possível que você saia da sala e vá até o último cômodo da casa e pegue um maço de velas que está à direita, na 2ª gaveta de um armário, sem esbarrar em nenhum obstáculo.

Com certeza a sua visita não seria capaz dessa realização.

Esse objetivo só pôde ser alcançado porque você tem incorporado, na sua cabeça, o espaço em que vive, graças à interação repetitiva com seu ambiente. Com isso quero demonstrar que toda atividade que tem um objetivo, uma finalidade, está na dependência de uma relação causa/efeito, só possível porque o conceito do espaço/tempo foi adquirido, e rege nosso dia/dia, o tempo todo.

Na realidade, esse jogo acontece desde o momento em que se acorda, quando são definidas a roupa que se vai vestir , as prioridades do dia, os meios para atingi-las e até o tamanho do passo e o peso do pé no acelerador para cumprir determina distância. É a nossa constante conversa interior de causa e efeito.

Pois bem, toda essa habilidade começa a ser adquirida e desenvolvida desde o nascimento, na interação da criança com o seu ambiente através dos movimentos que realiza.

Inicialmente atabalhoados, os movimentos vão aos poucos se tornando mais precisos. Imagine uma criança de 10 meses sentada no chão que tem a sua frente um objeto. A sua tentativa de alcançá-lo vai revelar a falta de medida, da direção e da força do movimento. Poderá trazê-lo de encontro a si com tanta força que ao bater na boca poderá jogá-la para trás. Depois de algum tempo o movimento terá medida, direção e força adequadas.

Mais interessante é a observação de uma criança entre 3 e 4 anos brincando com bola. Pode chutar antes da bola chegar, depois que a bola passou, acertar a bola sem direção. Depois de pouco tempo acertará a bola, a direção e a distância.

Nesses exemplos fica nítida a melhora da atividade motora no domínio do espaço e do tempo, que está sendo adquirido, incorporado  e desenvolvido.

Ao mesmo tempo em que isso ocorre, estão amadurecendo todos os sentidos que garantem melhor informação do ambiente. Aparece a fala, em que as palavras vão vestindo os conceitos, que estão sendo rapidamente adquiridos pela exploração do ambiente, cada vez mais eficiente e rica. É um jogo virtuoso, que vai dar condição à criança para estabelecer preferência por objetos, por pessoas, por alimentos.

Também surgem comportamentos e atitudes em que nitidamente se observa que está presente o jogo abstrato da relação de causa e efeito.

Veja como exemplo a situação de uma criança que por volta de 1 ano vai ao pediatra, e que uma pessoa vestida de branco pica o seu traseiro. Durante algum tempo também fica aos berros no sorveteiro que está vestido de branco. Mais tarde continua a berrar no pediatra e ir contente ao sorveteiro. O estímulo roupa branca continuou o mesmo, mas nas duas situações ocorreram percepção e sentimento que calibraram emoções e comportamentos diferentes.

Desse modo o dia/dia vai fornecendo contextos e situações em que a dinâmica das relações causa/efeito vão se tornando cada vez mais ricas e sofisticadas, inclusive na aquisição de conceitos mais abstratos, como da noção de perigo, que é um jogo que acontece numa dada situação, em que se juntam a experiência anterior e um fato do momento, e se antecipa um possível resultado que poderá levar a risco pessoal.

Pois bem, acontecem disfunções em crianças, que repito, podem ter exame neurológico e demais exames de investigação normais, em que esse jogo não acontece, ou acontece de maneira distorcida.

Nos casos mais graves, os estímulos ambientais também não são percebidos, de tal forma que parece que a criança está envolta em uma carapaça. Ganha peso e cresce, mas a interação com as pessoas e o ambiente não acontece, ou é muito pobre – geralmente vinculada a procura de alimentos.

Prevalecem atitudes de agitação e de agressividade, muitas vezes difíceis de serem controlados, além de certo fascínio por objetos que giram, como acontece no Autismo.

Porém, ao lado de casos como esses, de acentuada falha na incorporação do ambiente, na  grande maioria das crianças em que essa distorção está presente o comprometimento  acontece com menor intensidade.

Isso viabiliza a interação, a integração ao ambiente e a capacidade de comunicação mais preservadas, sendo que nos casos mais leves, são muito próximas daquilo que se poderia considerar como “normal”.

Entretanto, todas essas crianças não deixam de apresentar atitudes e comportamentos que baseados na qualidade das relações causa/efeito que conseguem realizar, as colocam em defasagem quando comparadas com as de outras crianças da mesma idade, nível de estimulação e experiência.

Isso faz com que familiares e professores as considerem com sendo infantilizadas ou imaturas. São desatentas e inquietas. Terão provável mau desempenho no rendimento escolar (é muito sofisticada a relação som/letra na escrita, letra/som na leitura).

Também é importante observar que quase todas essas crianças apresentam alguma alteração na comunicação oral (ou trocas de sons na fala, ou relatos mal organizados, ou pobreza de vocabulário, de conceitos e de abstração mais refinada). Apesar do comprometimento da comunicação oral, da fala em particular, ser o aspecto que mais chame a atenção, em muitos casos nem sempre é o mais importante do quadro clínico, como se deduz pelo que já foi até aqui relatado.

Em todos essas situações utilizo no tratamento substâncias neurotróficas, sem contra-indicação, com o objetivo de melhorar a condição que permita a percepção e a incorporação do espaço e do tempo. Esse é o primeiro passo para o desenvolvimento de todas as outras habilidades com ajuda das terapias que se fizerem necessárias, e que acontecerão num ambiente clínico agora mais favorável para o rendimento do trabalho a que se propõem.

Informações detalhadas e Resultados do tratamento você encontra neste site nos Links Síndrome Evaldo/hipotonia, Linguagem, Leitura/Escrita


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