GAGUEIRA

5 de dezembro de 2019 by admin0
gagueira-infantil.jpg

A gagueira interfere de modo significativo na vida e representa uma situação clínica de muito desconforto para o falante e para seus interlocutores. Acontece um clima de constrangimento e de aflição em que o intento do ouvinte de facilitar o diálogo só piora a situação. […]

A tentativa de antecipar a palavra que parece que vai ser pronunciada, o desviar do olhar ou qualquer atitude que revele a intenção de encerrar a conversa, tornam a fala cada vez mais complicada. As atitudes que a família utiliza, como pedindo para ficar calmo, pensar antes de falar, tomar um fôlego mais comprido, representam um verdadeiro desastre. Colocam a criança num clima de intenso constrangimento e de desqualificação da sua mensagem. O insucesso que acontece em cada situação de comunicação vai gerando medo e desconforto que antecedem cada nova necessidade de comunicar. Isso vai minando a auto imagem e a auto estima.

Falar passa a ser sentido como algo extremamente desagradável em que pese períodos de melhor fluência.

Isso leva, além de fuga de situações de necessidade de falar, ao surgimento de mecanismos de apoio, aparentemente facilitadores, representados por certas palavras que “destravam a fala”; ao uso de gestos e movimentos de mãos, de cabeça, de braços ou de pernas, com esse mesmo objetivo, além de relatos, quando possíveis de acontecer, com muitos rodeios, que revelam a nítida intenção de fuga das palavras que são sentidas como mais difíceis de serem pronunciadas.

Em muitos casos o tipo de comportamento fechado e arredio, que passa a ser observado, traz enorme preocupação para a família que vê sua criança, inteligente e com bom potencial, sendo colocada num contexto de muito constrangimento no seu ambiente escolar e social, que passam a ser evitados sempre que possível.

É esse comportamento reativo que leva ao engano de suspeitar que o motivo da gagueira é sempre psicológico.

Pois bem, a gagueira até se instalar percorre um caminho relativamente longo, em que podem ser observadas manifestações clínicas que apontam a sua direção, uma vez que aproximadamente cinquenta por cento (50%) das gagueiras estão instaladas até o 5 anos de idade. Oitenta por cento (80%) até os 8 anos e noventa por cento (90%) até os 12 anos.

Portanto é uma patologia da infância, que tem evolução lenta, e que tem como explicação popular para o seu surgimento um rico folclore: ficou gago depois que nasceu o irmão, porque levou um susto, os pais se separaram, faleceu um (a) avô (ó), o bicho de estimação fugiu… etc.

Em realidade o verdadeiro motivo está em alguma falha na complicada ordenação dos eventos que acontecem toda vez que se tem a intenção de falar. Há a necessidade de se definir a idéia a ser explicitada; evocar as palavras necessárias que precisam ser organizadas na sequência que deverão aparecer, obedecendo as nuances de concordância e do tempo verbal; precisa ocorrer a programação dos movimentos necessários da laringe, palato mole, língua e lábios para a articulação dos sons que constituem cada palavra, e na ordem que deverão estar; acontecer a tomada de ar necessária para vibrar as pregas vocais para a produção da voz; e, por fim, a sincronização de todas de todas essas etapas.

Falha em qualquer um dos elos dessa cadeia pode levar ao comprometimento do ritmo da fala, que é a gagueira. Com freqüência existe a participação de mais de um desses componentes.

Também é importante lembrar que como acontece em qualquer contexto clínico, como paralisias, cegueira, gestação etc. também pode existir a gagueira psicológica, que é um diagnóstico de exclusão a que se chega depois de necessariamente considerados os demais motivos mencionados.

Quanto mais precoce for feito o diagnóstico clínico e o tratamento com os recursos que hoje a medicina foniátrica dispõe, é muito maior a possibilidade de se interromper o caminho que leva à instalação da gagueira e inclusive de se beneficiar as já instaladas, que interferem de maneira importante na interação social.

Neste site você obterá maiores informações, inclusive de assuntos correlatos ligados à aprendizagem e ao desenvolvimento.


Warning: include(E:\Home\foniatria\Web/wp-content/themes/medicare/views/comments.php): failed to open stream: No such file or directory in E:\Home\foniatria\Web\wp-content\themes\medicare\single.php on line 243

Warning: include(E:\Home\foniatria\Web/wp-content/themes/medicare/views/comments.php): failed to open stream: No such file or directory in E:\Home\foniatria\Web\wp-content\themes\medicare\single.php on line 243

Warning: include(): Failed opening 'E:\Home\foniatria\Web/wp-content/themes/medicare/views/comments.php' for inclusion (include_path='.;c:\PHP_7.0\includes') in E:\Home\foniatria\Web\wp-content\themes\medicare\single.php on line 243

Dr. Evaldo J. B. Rodrigues. CRM - SP- 12114. Todos os direitos reservados.