DESCRIÇÃO

INTRODUÇÃO

É objetivo deste trabalho englobar, dentro de um mesmo contexto clínico e terapêutico, com características de Síndrome, a Enurese Noturna, o Valgismo, a Disfonia e a Ortodontopatia, ao lado de outras manifestações de menor expressão clínica, sem que isto não signifique prejuízo para quem as apresente, e que têm, como substrato fisiopatológico, a hipotonia muscular e/ou frouxidão de ligamentos.

São quadros clínicos freqüentes na infância e, por isso mesmo, merecedores de exaustivos estudos da parte dos profissionais de cada área ou especialidade em que se manifestam.

A Enurese Noturna é estudada pelos Urologistas, Psiquiatras, Neurologistas e Psicólogos; o Valgismo e suas seqüelas são estudadas na área da Ortopedia, Fisiatria e Fisioterapia; a Disfonia merece a atenção dos Otorrinolaringologistas, dos Foniatras e Fonoaudiólogos; a Ortodontopatia recebe a dos Odontólogos, dos ortopedistas dentários e Ortodontistas.

Entretanto, na pesquisa bibliográfica a que se procedeu, não se encontrou nenhuma referência que os considere como interligados, dependentes de um mesmo substrato fisiopatológico (mesma causa), e que respondam à mesma ação terapêutica, como a seguir se considera:

SINTOMAS (História Clínica)

Observação: Como todo quadro clínico sindrômico, os sintomas mencionados podem ser encontrados em sua totalidade ou, o que é mais freqüente, em associações parciais.

  • Dificuldade na passagem da alimentação pastosa para sólida, com rejeição a alimentos sólidos, ou, com freqüência, tendência a mastigar e não deglutir.
  • Dificuldade no controle automático da salivação, com antecedentes de baba intermitente, até casos de baba copiosa, a ponto de molhar a roupa.
  • Refluxo gastro-esofágico
  • Comer com a boca aberta.
  • Atraso para equilibrar a cabeça e sentar com apoio. O engatinhar tende a ser substituído pelo arrrastar em decúbito ventral ou sentado, nem sempre acompanhado de demora para o início da deambulação, a ponto de preocupar a família.
  • Antecedentes de quedas freqüentes.
  • Cansaço fácil, até para curtas caminhadas, com constantes solicitações de colo.
  • Dificuldade para subir escadas, com alternância do pé de apoio.
  • O fato de evitar atividades que exigem esforço muscular (pedalar velocípede, bicicleta, etc) e/ou desenvoltura motora (corrida, gaiola de barras, futebol,etc).
  • Corrida “desengonçada”.
  • Enurese noturna (“xixi na cama”) depois da aquisição do controle de esfincteres diurno, na ausência de doenças renais, das vias urinárias, metabólicas e neurológicas.
  • Rouquidão, com nítida relação de sua piora com uso vocal. Tendência a usar voz “gritada”. Relato da necessidade de muito esforço para produzir voz e do ingurgitamento dos vasos superficiais do pescoço.
  • Respiração bucal de suplência.
  • Ronco intenso.
  • História de ruído inspiratório e tosse extremamente áspera, em seu timbre, na vigência de processos tráqueo-bronco-pulmonares, que recidivam com frequência.
  • Antecedentes de luxação, principalmente escápu-lo-umeral e ao nível do punho, que são as articulações mais exigidas, nas brincadeiras de alçar as crianças pelas mãos.
  • Sucessivos tratamentos ortopédicos, inclusive com uso de botas ortopédicas, para a correção dos pés chatos renitentes.
  • Desempenho desajeitado na preensão de peças de jogo de montar, do lápis, etc., com resultados aquém do esperado dos objetivos propostos.
  • Tendência à irrequietude, que é explicada pela família como afoiteza e que também se manifesta na maneira de emitir sons de fala.
  • Atraso no aparecimento da fala e/ou dificuldade na aquisição das consoantes líquidas /r/, /l/, /lhe/, /R/ e dos grupos consonantais.
  • Necessidade de tratamento ortodôntico.

Observação: Como todo quadro clínico sindrômico, os sintomas mencionados podem ser encontrados em sua totalidade ou, o que é mais freqüente, em associações parciais.

SINAIS CLÍNICOS

Observação: Como todo quadro clínico sindrômico, os sinais mencionados podem ser encontrados em sua totalidade ou, o que é mais freqüente, em associações parciais.

  • Tendência a manter a boca entreaberta, caracterizando a respiração bucal de suplência, apesar da permeabilidade das fossas nasais preservada (ausência de hiperplasia das vegetações adenóides e/ou rinopatias).
  • Língua espraiada, com deglutição atípica e tendência à protrusão de língua interdental, principalmente na articulação dos sons línguo-dentais (/t/ e /d/), às vezes, ceceio.
  • Ausência ou inabilidade na realização do movimento de lateralidade da mandíbula.
  • Tendência a usar “yod” no lugar dos sons /r/, /l/, /lhe/. A usar /m/ no lugar de /b/. Ausência dos grupos consonantais e arquifonemas.
  • Palato em ogiva.
  • Protrusão das arcadas dentárias (mais freqüentemente a superior) com mordida aberta anterior e/ ou invertida.
  • Dificuldade no controle automático de salivação, com baba (intermitente/copiosa), sendo mais freqüente o acúmulo de saliva nas comissuras labiais, durante a fala.
  • Alterações vocais, assim caracterizadas:
  • *Esforço para produção vocal, com aumento de volume do pescoço, acompanhado de ingurgitamento dos vasos superficiais da região.
  • *Timbre de voz áspero, com tom de voz grave para a idade.
  • *Intensidade vocal sem modulação de volume, prevalecendo as produções vocais muito intensas, entremeadas de produções aspiradas (sussurradas).
  • *Ressonância vocal guturalizada.
  • *Duração encurtada do tempo fônico.
  • *Evidente utilização de ar de reserva para fonação, levando ao atropelamento da emissão de sons da fala, muitas vezes, ao truncamento da frase e até do vocábulo.
  • *Exagerado esforço inspiratório para novas emissões, com nítida alteração da coordenação pneumo-fono-articulatória.
  • Enurese noturna (“xixi na cama”)
  • Joelhos valgos (“em x”) e pés planos posturais (“pés chatos”).
  • Membros inferiores com tendência à abdução, ao nível da articulação coxo-femural, na posição sentada, no plano do chão.
  • Acentuada flexão da coluna vertebral, na posição sentada (cifose funcional).
  • Ombros caídos.
  • Flexão exagerada do punho, que permite, na movimentação passiva, que o polegar toque a face anterior do antebraço.
  • Dorso-flexão exagerada do pé, podendo os pododátilos (dedos do pé) tocarem a face anterior da perna, na movimentação passiva.
  • Hiper-extensão do antebraço quando as mãos, em abdução, são apoiadas sobre uma superfície, para sustentar o peso do corpo.
  • Força de preensão manual muito fraca e desajeitada, desproporcional ao esforço que é realizado com este objetivo. Em crianças em idade escolar isto também se observa na preensão e manejo do lápis, comprometendo o traçado gráfico.
  • Acentuado desvio dos globos oculares na posição de olhar extremo, oportunidade em que fica mais evidente a coloração da esclera.
  • Esclera de tonalidade azulada, de maneira difusa, ou em pontos localizados (ilhotas azuladas).
  • Diminuição de intensidade da resposta dos reflexos tendinosos profundos.
  • Atividade de correr desajeitada e com muito balanço do corpo. Esforço exagerado para ser vencida a inércia inicial da corrida.

Observação: Com relação aos sinais clínicos, vale a mesma observação feita quanto à incidência dos sintomas.