A gagueira interfere de modo significativo na vida e representa uma situação clínica de muito desconforto para o falante e para seus interlocutores. Acontece um clima de constrangimento e de aflição em que o intento do ouvinte de facilitar o diálogo só piora a situação.
A tentativa de antecipar a palavra que parece que vai ser pronunciada, o desviar do olhar ou qualquer atitude que revele a intenção de encerrar a conversa, tornam a comunicação cada vez mais complicada. As atitudes que a família utiliza, como pedir para ficar calmo, pensar antes de falar, tomar um fôlego mais comprido, representam um verdadeiro desastre. Colocam a criança num clima de intenso constrangimento e de desqualificação da sua mensagem. O insucesso que acontece em cada situação de comunicação vai gerando medo e desconforto que antecedem cada nova necessidade de comunicar. Isso vai minando a auto imagem e a auto estima.
Falar passa a ser sentido como algo extremamente desagradável em que pese períodos de melhor fluência.
Isso leva, além de fuga de situações de necessidade de falar, ao surgimento de mecanismos de apoio, aparentemente facilitadores, representados por certas palavras que “destravam a fala”; ao uso de gestos e movimentos de mãos, de cabeça, de braços ou de pernas, com esse mesmo objetivo, além de relatos, quando possíveis de acontecer, com muitos rodeios, que revelam a nítida intenção de fuga das palavras que são sentidas como mais difíceis de serem pronunciadas.
Em muitos casos o tipo de comportamento fechado e arredio, que passa a ser observado, traz enorme preocupação para a família que vê sua criança, inteligente e com bom potencial, sendo colocada num contexto de muito constrangimento no seu ambiente escolar e social, que passam a ser evitados sempre que possível.
É esse comportamento reativo que leva ao engano de suspeitar que o motivo da gagueira é sempre psicológico.
( Vide o Link Gagueira)